quinta-feira, fevereiro 23, 2006 

Eventos, eventos!

Uns crentes me entregaram um panfleto interessante semana passada.

Frente do panfleto

Interior do panfleto


Não escaneei o verso por preguiça e porque não havia nada relevante lá.

Como você pode ver, amanhã e no sábado estará rolando um encontro de céticos numa escola em Whitby, uma cidade vizinha pra onde eu poderia ir de bicicleta se não estivesse fazendo cinco graus negativos. Fiquei com o pé meio atrás quando percebi que a tal conferência está sendo organizada por cristãos, mas no panfleto eles deixaram claro que não vai haver cantoria, nem pedidos de ofertas nem pressão religiosa pra aceitar a Jesus no seu coração senão Deus o mandará diretinho pro quinto dos infernos onde você será espetado por tridentes pelo resto da sua existência. Basicamente, eles passarão o tempo todo tentando convencer os infiéis a possibilidade de um deus criador, usando argumentos como "veja só, você tem um nariz no meio do rosto. Se não fosse esse nariz, você não poderia usar óculos! Claramente um ser criador planejou isso pensando no seu bem estar!".

E o melhor é que ainda darão aos espectadores a oportunidade de retrucar, pondo em risco suas teorias pseudo-científicas de "desenho inteligente" e seja lá quais são as outras falcatruas que os cristãos andam pregando hoje em dia pra substituir a fé. Qual o propósito?! Afinal de conta, se você admite que sua religião é completamente baseada e dependente de fé, pra que se dar ao trabalho de fazer de conta que há algum embasamento científico na sua crença? Creia e pronto. Vá ler historinhas bíblicas a respeito de um dia em que o sol parou no céu ou sobre engenharia genética mágica, e deixe coisas sérias pros cientistas de verdade.

De qualquer forma, nem fodendo eu poderia perder um negócio desses. Esqueci de ligar pros caras perguntando se eu poderei filmar â conferência, mas vou supor que câmeras são lugar-comum nesse tipo de evento. Vou levar também o mp3 player do Trunks, que grava áudio, pra gravar qualquer bobagem que eu perguntar e as respostas dos cientistas crentes. Chegando em casa, hospedo essas tralhas todas pra vocês.

O fim de semana promete. Como tenho certeza ABSOLUTA que os manés citarão Michael Behe* como se o cara fosse um papa, vou logo me preparar imprimindo todas as refutações das teorias macarrônicas do cara. Se você tiver links aí à mão, eu agradeço.

...

Ontem recebi uma ligação do Kauê, um leitor que mora em Toronto (ele é irmão mais velho da Anne, do FHBD). Ele me convidou pro seu casamento, que acontecerá no sábado que vem em Niagara Falls, na fronteira com os EUA. Coisa muito chique, não é pro bico de vocês.

Por algum motivo, ele pediu explicitamente que eu escreva um post sobre o casamento dele, com fotos e tudo mais que um post do HBD tenha direito. Vou supor que ele está me dando sinal verde pra aloprar qualquer coisa que eu veja por lá, então não quero reclamação depois.



Zoeira, Kauê. Te vejo na festa, meu filho!

* Célebre cientista cristão que teve suas teorias rejeitadas pela comunidade científica mundial e por qualquer pessoa que aprendeu Ciências na terceira série. O cara é tão cientista como L. Ron Hubbard**, ou Seu José do Lumiar***.

** Fundador da Cientologia, a religião mais maluca e sem vergonha dos tempos atuais.

*** Pedreiro que ergueu o muro da minha casa no Brasil. Ele adorava sanduíches de ovo.

Kid \ 4:30 PM

terça-feira, fevereiro 21, 2006 

Um nerd na estrada

Chega um momento na vida de todo mundo em que você pensa "porra, mas o que diabos estou fazendo com minha vida? Decerto eu poderia estar fazendo algo muito mais interessante que isto aqui!" Esse é o meu momento.

Segurem os fogos de artifício, não estou fechando o blog.

Como é sabido por toda a comunidade de vagabundos que têm este site em seus favoritos, estou atualmente esperando o resultado de um longuíssimo processo de imigração pra Canadalândia, terra dos gringos burros e palm pilots baratos. A falta do cartão de imigrante impede que eu trabalhe (legalmente; às vezes aparecem bicos como o de vender sorvete, ou o de Halloween. Mas a grana é pouca) e que eu vá pra faculdade estudar e contribuir com a sociedade canadense. E não há nada que eu possa fazer a não ser sentar a bunda na cadeira, pegar meu controle USB da gaveta e esperar enquanto jogo Sunset Riders no emulador de SNES.

E essa espera interminável pela maldita carta do consulado dizendo "Parabéns, agora você é um residente permanente do Canadá, vá trabalhar ou estudar ou fazer alguns abortos porque aqui matar bebês é legalizado e totalmente grátis pros nossos habitantes!" torna minha vida muito tediosa. Sem a espera de um contracheque no fim do mês pra torrar numa loja de eletrônica, sem a expectativa de uma prova para a qual você não estudou, a vida simplesmente não tem emoção. Minha existência neste país resume-se a namorar, perder tempo com jogos eletrônicos e sair com os amigos. Parece uma vida de rei, mas após dois anos você começa a sentir falta de algo a mais.

Lendo um tópico antigo num dos meus fóruns favoritos - o negócio é de tão alto nível que você tem que pagar pra participar -, achei uma solução perfeita.

Hitchhiking, ou mochilão em bom português maroto. Pegar algumas roupas, juntar trocados, enfiar tudo numa mochila velha, dar um beijo de despedida/boa-sorte na Gótica, deixar status Away no MSN com alguma auto-mensagem engraçada e sair pelo mundo. Ou pelo Canadá, porque eu não acho que tenho dinheiro o suficiente pra cruzar a fronteira do país.

Ao ler o texto do cara no fórum, relatando as aventuras, desventuras e gente muito maluca que ele conheceu no caminho, me dá ainda mais vontade de empacotar meus pertences e dar o fora desse apartamento. Talvez, quem saiba, pra nunca mais voltar...?

Peguei um mapa do Canadá que tenho aqui e comecei a traçar planos e rotas imaginárias. O sujeito de quem roubei a idéia, um tal de atmosPHEAR, foi muito punk - o maluco pegou um amigo qualquer e combinou que ambos teriam que fazer o seu percurso sem nenhum centavo sequer. Eles queriam saber até onde conseguiriam chegar utilizando-se apenas da boa vontade de incautos que pegam caroneiros em beira de estrada. No meio do caminho, acabaram arrumando bicos (como pintar a casa de uma velha que deu carona pra eles) e começaram a ter fundos pra bancar a aventura. Mas sempre gastando o mínimo de dinheiro possível, dormindo na rua, etc e tal.

Quase me melei todinho pensando na aventura. É de um negócio desses que eu preciso.

E as idéias começaram a fluir. Conforme já expliquei, acesso wireless aqui é bem comum, e é bem provável que eu pudesse acessar a internet na estrada através do palm, relatando os acontecimentos em tempo real. Ou, caso eu esteja ilhado da rede virtual, ainda sobra a opção de escrever as aventuras offlinemente, no palm mesmo, formando o conteúdo do livro que eu pretendo escrever num futuro próximo.

Três coisas me impedem de embarcar nessa loucura:

- O clima. Estamos no finzinho de inverno no Canadá, e a temperatura média é -15 graus. Segundo atmosPHEAR relatou, é comum ter que esperar algumas horas até que alguém decida te dar uma carona, e até lá eu já teria virado picolé sabor cearense. Vou ter que esperar até o meio da primavera, por idos de abril, pra levar essa idéia mais a sério.

- Um parceiro de viagem. Hitchhiking sozinho é sinônimo de "estupro por caminhoneiros no fundo da boléia de uma Scania 98". Tendo um colega você se torna menos estuprável, ou ao menos não será comido sozinho. Vou tentar convencer esses malucos que participam dos meus círculos sociais.

- A coragem final pra dar o primeiro passo. Na mente o negócio parece genial, mas na beira de uma deserta estrada interprovincial, com sol nas costas e nenhum carro à vista, o negócio muda de figura. Se eu realmente levar essa maluquice adiante, terei que ir muito bem preparado psicologicamente pra não voltar atrás no meio do negócio. Quando eu pôr o pé pra fora de casa, será pra valer. Só volto quando tiver terminado um livro sobre a aventura.

E, como em grandes outras decisões da minha vida, entrego nas mãos dos habitantes da internerdz. O que vocês me dizem, meus caros? Estão afim de chegar no HBD um dia e ler posts como "...e então hoje eu tomei banho num posto de gasolina", ou "nunca imaginei que comida achada no lixo pudesse ser tão saborosa. Devem ter sido os 3 dias sem comer"?

Kid \ 11:07 AM

segunda-feira, fevereiro 20, 2006 

:(

Tudo morre. Com exceção de poucas entidades que parecem extender sua existência à eternidade, como emails corrente em prol de uma garota nigeriana com tumor cerebral ou a Dercy Gonçalves, tudo que existe nesse planeta um dia diz "ah, cansei. fodam-se todos vocês.", sofre uma falência múltipla de órgãos, e bate as botas.

Pessoas morrem quando carros tentam ocupar o mesmo espaço em que elas se encontram. Relacionamentos morrem quando você introduz partes do seu corpo em outros corpos que conhecem sua namorada e contam tudo pra ela (apesar de terem jurado que não fariam isso, malditas). Tamagotchis morrem, embora voltem à vida facilmente por meio de uma espetada de clipe de papel no botão reset. (O que morreu de vez, no entanto, é o motivo que levava alguém a comprar aquelas merdas). Palms morrem também, e como viúvo de um Tungsten E2, eu sei melhor que ninguém. Até videogames morrem - um dos meus PS2s bateu as botas faz pouco tempo, aliás. Felizmente sou um playboy mimado e possuo dois videogames, então o luto pelo console falecido durou pouco tempo. Bastou tirar o GTA de dentro do primeiro, colocar dentro do segundo, e pronto.

A morte envolve a nossa breve existência assim como os Tupperwares de mamãe envolviam bolos de fubá que eu levava pra escola pra comer no recreio (ou na aula de Redação, o que me rendia maravilhosas visitas à coordenação após um dos pedaços de bolo decolar e atingir um amiguinho no meio do olho). Mas apesar de que o toque da morte é algo tão presente ao nosso redor, por algum motivo que nem John Smith poderia decifrar nós sempre pensamos que "nunca vai acontecer com a gente". Mas acontece.

E sempre acontece em momentos inoportunos, e a nossa reação nessa hora é equivalente a que você teria se eu apertasse a campainha da sua casa e, ao me atender, eu jogasse um balde de ácido clorídrico na sua cara, dissesse que o Dumbledore morre na página 675 e saísse correndo. Você, que ainda não leu o livro porque o Submarino atrasou a entrega, sofreria a dor de mil mortes.

O motivo pelo qual parei de brincar com meu palm pra escrever este texto tão melancólico a respeito da morte é que um habitante da residência Nobre faleceu durante esta madrugada.


Meu companheiro de anos de partidas memoráveis de Counterstrike, Soldat, Age of Empires 2, Worms e basicamente qualquer outro jogo pirateado pela turma do FHBD finalmente cedeu ao desgaste e ao tempo. Desde semana passada notei que meu mouse andava mal das pernas, se é que alguém ainda usa ou reconhece essa expressão. Algumas vezes eu precisava deslizar o mouse de um lado da mesa ao outro pra que o cursor percorresse alguns milímetros na tela do computador. Clicar se tornou uma atividade emocionante, eu nunca sabia se o mouse registraria meus cliques ou não. A situação em breve se tornou insuportável quando, no meio de uma montagem no Photoshop, notei que qualquer pressão inferior a um soco no botão esquerdo do mouse não seria detectado.

O culpado? A Blizzard. Se há um jogo destruidor de mouses no mercado, este jogo é Diablo. Não lembro de ter encontrado na caixa do meu Diablo nenhum aviso do tipo "Atenção, viciados: este jogo provavelmente destruirá seu mouse antes que você alcance lvl 60".

Agora vou ter que ir até a lojinha genérica de informática perto do banco, aquela cujo dono é um indiano estranhão, e vasculhar a estante de liquidação de equipamentos semi-velhos.

Se a preguiça não fosse tão predominante, levava até a câmera e registraria a aventura.

Kid \ 7:52 AM

domingo, fevereiro 19, 2006 

Segredo

Atualizar no fim de semana não é de meu feitio, mas essa eu não podia deixar passar.


Paulo Velho é o único que tá no rastro certo. A malícia de postar aquele texto em forma de imagem não tem nada a ver com plágio, até porque eu já evolui do ponto em que esse tipo de coisa me incomodava. Agora, só mesmo balconistas que não sabem operar uma máquina de débito automático e uma miserável infecção no ouvido que está destruindo minha audição gradativamente me tiram do sério.

Vai aí uma dica: o post-imagem tem a ver com traduções automáticas.

Agora vão brincar de detetives. Quero ver quem descobre a verdade.

Kid \ 2:06 PM

sexta-feira, fevereiro 17, 2006 

Back to life

Como agora tou de novo PDA com wifi, achei justo ressuscitar a versão pocket do HBD.

Só me resta paciência pra jogar os textos do HBD aqui :(

Kid \ 7:43 AM

quarta-feira, setembro 07, 2005 

Medo moderno

Se você fechar esse vídeo pornô que você deve estar assistindo e parar pra pensar um pouco a respeito do século em que vivemos, chegará à mesma conclusão que eu atingi semana passada enquanto entregava uma casquinha de caramelo ao mesmo tempo que safadamente surrupiava 25 cents do troco de seu comprador:

Vivemos num mundo muito seguro, e isso tornou nossa existência muito monótona.

Pense comigo um pouco: cintos de segurança, backups, vacinas, airbags, botes salva-vidas, capacetes, seguros de vida, função "Desfazer" do Word, continues infinitos em Mario World... Temos ao nosso dispor incontáveis mecanismos de proteção que, ao mesmo tempo que nos dão segurança, acabam roubando todo aquele friozinho na barriga, a sensação de perigo, o próprio gostinho de viver. Que tipo de emoção se pode ter num mundo onde você pode comprar uma pílula de emergência minutos após ter estourado uma camisinha?!

Alguns indivíduos mais ousados, não conformados com essa sociedade medrosa que nos tornamos, adotam estilos e atividades ditos "extremas". Mal sabem eles que até mesmo os esportes radicais foram infectados por essa covardia contemporânea:

? Em rafting, se usa colete salva-vidas;
? Skatistas usam capacete;
? A mochila do paraquedista tem um paraquedas de emergência...

Que porra é essa? Se arriscar sendo cuidadoso? Isso não faz o menor sentido. Ou você se preocupa com sua segurança, ou você pratica essas atividades. Tentar ambos prova não apenas que você tem tanto medo como o resto das pessoas, mas também que você tem medo de admitir esse medo, e é por isso que sai fazendo essas maluquices - pra que ninguém saiba que você é um puta dum cagão.

Tá, tudo bem, talvez essa cultura de auto-preservação tenha salvo algumas centenas de milhares de mortes trágicas, dolorosas e prematuras. Mas gente, e a adrenalina? E o senso de aventura?! Milhões de mortes por ano me parece um preço justo a se pagar por um friozinho na barriga de vez em quando.

Não chorem ainda. Essa situação pode ser revertida. Basta seguir meu simples manual de Aventuras Diárias Domésticas, que podem ser praticadas por qualquer pessoa, em qualquer idade, sem necessidade de esperar meia hora após ter tido uma refeição.

1) Fazer pipoca sem a tampa

Imagine a cena: é um sábado à tarde, e há um filme na TV a cabo que por algum milagre não é uma merda repulsiva como os filmes de sábado à tarde geralmente são. Todo serelepe, você decide que a experiência cinematográfica não pode ser completa sem uma bacia fumegante de pipoca quentinha no seu colo, recém saída da pipoqueira. Você vai à cozinha, simultaneamente coçando o ovo esquerdo - não porque estava coçando, você coçou de graça mesmo - e joga os grãos de milho na panelona. Aí, de MEDROSO DE MERDA QUE VOCÊ É, você põe a tampa em cima de tudo, senta ao lado do fogão e começa a morder uma unha do pé pra passar o tempo.

Aí que está o seu erro. Você acabou de sepultar toda a adrenalina que a confecção de uma rodada de pipoca envolve. Já pensou? Um grão pode ou não voar por uma brecha entre a panela e a tampa, quando você a levanta pra ver se tá tudo no ponto, e pode ou não acertar você no meio do olho! Praticamente uma roleta russa culinária.

Os praticantes mais extremos desse esporte não apenas jogam fora a tampa, mas comumente mantém o rosto centímetros acima da panela, só pra ver se conseguem tirá-lo na hora H. Como em outras técnicas que envolvem tirar uma parte do corpo na hora H, não preciso dizer que isso nem sempre dá os resultados esperados.

Mas ao menos você não será um covarde de merda.

2) Preencha cruzadinhas com caneta

Poucos sabem, mas cruzadinhas podem ser uma das atividades mais extenuantes e radicais que um ser humano pode se submeter. Basta remover o lápis, jogar a borracha fora e puxar uma caneta da gaveta. A excitação será palpável quando você se deparar com o item "Capital da Iuguslávia", X letras, vertical, e não houver uma forma de verificar o Google no momento.

O que fazer? Deixar em branco? Fechar a revistinha e perguntar a alguém menos burro? ESCREVER QUALQUE COISA COM LÁPIS E DEPOIS APAGAR?

Mas claro que não. Escrever com lápis - se garantindo na segurança que uma borracha oferece - é pra gente frouxa e que está acostumada a sempre sair errando tudo. Fazer cruzadinhas com lápis é não apenas mais um dos milhares de sistema de segurança que nos protegem como bebêzinhos indefesos o tempo todo, mas também um atestado de ignorância.

Passe a caneta (de preferência vermelha, pra que alguém que veja as cruzadinhas pense depois "caralho, esse cara era realmente um aventureiro!") enquanto repete para si mesmo "ah, foda-se". Muito em breve você saberá se acertou (o que fará você soltar um longo suspiro de alívio, confie em mim) ou não. E nesse caso, FODEU.

E até descobrir isso, o suor descerá continuamente de sua testa.

3) Morda o sorvete com os dentes da frente

O corpo humano tem muitas características peculiares, quase todas trabalham incansavelmente para tornar nossa existência mais dolorosa. Canelas, amídalas, apêndices, molares... parece que certas partes do nosso corpo foram colocadas lá apenas causar dor e encheção de saco. Como se não fosse só isso, até mesmo as partes "úteis" causam uma dor impressionante por motivo nenhum.

Os dentes, por exemplo. Sozinhos eles são apenas mais uma engranagem da complexa máquina que é o corpo humano. Com eles você morde uma rapadura, segura o celular enquanto amarra os cadarços, arranca o piercing do mamilo de alguém... Ou seja, nossos dentes são uma excelente ferramenta.

Mas experimente combiná-los com sorvete. E não qualquer dente, mas especialmente os dentes da frente. Há terminações nervosas naquela área que potencialmente tornam o ato de comer sorvete tão doloroso quanto levar um choque de quarenta milhões de volts após ter perdido o braço numa mina terrestre que um soldado iraquiano pôs no seu caminho após estuprar sua mãe com um taco de baseball em chamas.

Alguns, entretanto, desenvolveram técnicas inconscientes e conseguem desviar da dor lacinante que vem após morder um gélido picolé com os incisivos. Alguns não. A que grupo você pertence?

Dê uma dentada naquele Frutilli e descubra, seu medroso!

4) Vá ao banheiro de olhos fechados

Só aquele que já passou pela situação de ter estar trancado num banheiro em falta de papel higiênico sabe o quanto isso é desesperador. Acho que a única coisa pior que isso seria estar trancado num banheiro sem papel higiênico num prédio em chamas, minutos após ter sido demitido e não saber como pagará a prestação do carro no mês que vem. Mas como a maioria de vocês não tem carros, pelo menos dessa vocês escaparam.

Claro que ninguém quer se ver numa situação como essa. Por isso é lugar comum verificar - antes mesmo de arriar as calças - se há um volume satisfatório de papel higiênico naquele buraquinho da parede, justamente pra evitar a desagradável surpresa de estender o braço em direção ao rolo e sentir apenas o papelão.

E mais uma vez as conveniências e medos da nossa sociedade contemporânea estragam o que poderia ser uma aventura de proporções inimagináveis.

Os riscos nessa atividade são maiores que qualquer outro. Uma coisa é despencar de um avião a cinco mil metros de altura, cair de cabeça e ter uma morte instantânea e indolor. Outra bem diferente é despejar a feijoada de ontem na privada de um conhecido durante uma festa, dar de cara com a falta de papel higiênico e ter que contemplar a possibilidade do uso da cueca para o fim higiênico. Já viram o filme Saw, em que os malucos têm a opção de cortar os próprios pés para escapar do assassino? A solução está lá, na sua frente, mas você simplesmente não consegue tomar a decisão. E além disso, o tempo vai passando, lentamente mas inexoravelmente, e em breve perguntarão por que você ainda está no banheiro.

O que eu estou querendo dizer aqui é que verificar a existência do papel antes de liberar o esfíncter é coisa de gente FROUXA. Feche os olhos, feche a porta (e o nariz, dependendo do que você comeu ontem), e vá na fé.

...

E é isso. Adotem essas simples atividades radicais e injetem alguma emoção em suas vidinhas hermeticamente fechadas e protegidas 24 horas por dia, seus molengas!

Hm, mó vontade de fazer cruzadinhas comendo pipoca agora. Cadê minha BIC?

Kid \ 10:17 AM

segunda-feira, setembro 05, 2005 

Joguinhos pra vocês!

Alguém já percebeu que é extremamente difícil achar bons jogos grátis pro Palm?

Aliás, "extremamente difícil" é praticamente um eufemismo. Você tem mais chances se suar ouro líquido do que de achar um jogo divertido pro Palm sem que pra isso tenha que sacar seu cartão de crédito e assim dar uma chance aos ráqueres do mundo inteiro darem um alô pra sua conta bancária.

Já fucei tudo quanto é site de aplicativos pro portátil, mas os resultados são iguais não importa o lugar onde eu procure. Os jogos freeware parecem que foram transportados diretamente de um Commodore 64. Sinceramente, não gastei 300 paus num computador de mão pra jogar Hanoi.

Aliás, nem os jogos pagos são essas coisas todas. Achei no Google versões pagas de Pacman, Paciência e Forca. Quem diabos gastaria VINTE DÓLARES pra jogar Forca num palm?

Mas não desisti, e acabei achando joguinhos que realmente valem a pena ser baixados. Previsivelmente, são porras de shareware - assim como qualquer bom programa pro Palm OS. Se a porra dos sites que vende essas merdas aceitassem paypal, juro que até abriria mão de minha brasileirança e desembolsava a grana. Como não tive alternativa, crackeei. Um deles ficou sem crack, mas vale mencionar mesmo assim porque o jogo é foda.

Lemonade Tycoon

O jogo acima é mais um produto da infinita linha dos jogos Tycoon. Aliás, agora que paro pra pensar nisso, tá faltando um Puteiro Tycoon, ou Casa de Fumo Tycoon (Dope Wars não vale). Pena que não sei programar pra palm.

Mas enfim. Em Lemonade Tycoon, você gerencia uma banquinha de limonada. O jogo é simples o bastante pra que você aprenda em menos de cinco minutos - a não ser que seja um palerma total -, mas ao mesmo tempo complexo o bastante pra não ser desinteressante ou extremamente repetitivo. Você tem que bolar uma receita que agrade o público, investir em publicidade, comprar upgrades pro seu negócio, descobrir que áreas da cidade rendem mais... O jogo é bastante viciante, e os gráficos pixelizados dão um charme todo nintendístico. Só isso já rende 10 pontos na minha escala.

A versão shareware permite que você jogue por trinta dias - não trinta dias reais, trinta dias no jogo, algo que passa em menos de duas horas depois que você estiver viciado. Já baixei aproximadamente cinquenta e duas mil versões crackeadas, sem qualquer sucesso.

[ Update ] Olha o crack aí.

Tots n Togs

Esse aí é foda. Pense em Lemonade Tycoon, mas com gráficos melhorados, som EXCELENTE (jamais vi um aplicativo de palm com som tão bom), e nível mais profundo de jogabilidade e complexidade. Ou seja, basicamente pegaram a idéia do Lemonade Tycoon e a melhoraram 1008% . Em Tots n Togs, você gerencia uma loja de roupas super descoladas. Há tantas opções no jogo pra comentar - você pode escolher o que sua loja venderá, definir preços, usar a grana pra comprar diversos tipos diferentes de publicidade (rádio, TV, jornal, etc), fazer promoções, contratar empregados, abrir filiais... Esse jogo é foda. Vou admitir que a temática é meio homossexual, mas qualquer pessoa que goste de jogos de estratégia vai pensar seriamente em comprar Tots n Togs pro seu palm. Isso é, depois que você baixar 89 milhões de seriais que não funcionem, como eu.

Village Sims

Um jogo que parece bastante interessante é o Village Sims. Não tive muito tempo de jogar ainda, mas é um joguinho estilo The Sims - você tem que empurrar um bando de mongóis pra fazer atividades que eles mesmo deveriam estar fazendo se não quiserem morrer de fome.

Aqui tem uma versão crackeada, basta inventar um número qualquer como serial e o programa será registrado.

Warfare Incorporated

É aqui que o potencial do palm como plataforma para jogos se revela. Se não fosse Warfare Incorporated, eu não teria idéia que um jogo de estratégia poderia ter sido tão bem transportado para um aparelho portátil. Isso me faz pensar no potencial que o Nintendo DS têm pra jogos desse gênero - isso é, se as gamehouses não se esforçassem tanto em ignorar isso.

Warfare Incorporated é um título nos moldes de clássicos como Command and Conquer e Starcraft, jogos que cresci jogando. Se você conhece jogos de estratégia em tempo real - porra, QUEM não conhece? -, não preciso explicar do que se trata o jogo.

Os gráficos são excelentes; ouso a dizer que nesse departamento Warfare Incorporated rivaliza de frente com o primeiro C&C. As unidades são bem definidas, os cenários são ricos em detalhes, as animações fluem bonitamente na telinha do palm. As unidades têm até idle animation, que é aquelas animações que acontecem quando os bonequinhos ficam parados por muito tempo. Ou seja, dá pra perceber que os caras dedicaram bastante tempo pensando nos detalhes.

A jogabilidade é impecável. Os criadores do jogo contornaram a falta de um botão direito do mouse de uma forma bastante criativa - para acessar certas opções e menus, basta clicar e segurar a stylus por meio segundo.

O jogo é simplesmente fodólico. Torrei a bateria do palm jogando ontem, e por isso tive que terminar esse post no PC. Vou dar o braço a torcer e admitir que Warfare Incorporated não é nada de revolucionário ou original (o jogo é basicamente uma cópia recauchutada de Command & Conquer), mas não estou julgando-o por originalidade. O que vale mesmo é a diversão. Confiem em mim, esse é o jogo de estratégia mais divertido que eu já joguei, ponto final. Melhor até que o C&C, porque uma coisa é jogar à mesa do computador, e outra coisa é jogar ao lado de uma bicicleta de sorvete enquanto guris canadense escolhem o sabor que preferem.

Se você é fã de jogos de estratégia e não aguenta mais jogar paciência e tetris no seu palm, pegue agora mesmo.

COMO HACKEAR O WARFARE INCORPORATED

A versão acima é a shareware. Para hackea-la, você precisará do MUH, o Multi User Hacker. O que esse programinha faz é "enganar" o seu palm, pra que ele pense que ele tem outro nome ao invés do seu. Assim, você usa o serial que registraram praquele nome. Genial, eu sei.

Instalem o MUH. Rodem. Na telinha, selecionem Warfare Incorporated. No nome, coloquem "kracked dude", sem as aspas. Voltem ao jogo, e coloque este serial: K-7486AC-FF6010-125E76

E pronto, o seu Warfare Incorporated agora está completo. O jogo tem 17 fases que o manterão ocupado por um bom tempo. Se você sentir um gostinho de "quero mais" - eu sei que você sentirá -, baixe as missões criadas por internautas. A comunidade é imensa, e há MUITAS missões ao seu dispor.


Dejobaan Bebop é mais um clone de The Sims, mas com um nível surpreedente de complexidade - especialmente considerando que é um jogo de palm. Acho que todo mundo sabe o que esperar de um jogo no estilo The Sims, então não preciso explicar muito. Esse foi outro culpado pela morte da minha bateria.

Peguem aqui, e crackeem usando o MUH também. Abra o programinha hacker, selecione o Bebop, e mude o nome do seu palm para "drfunk". Sem aspas, porra.

Em seguida, rode o jogo e nas telas de registro, coloque "drfunk", "drfunk", e "19359", respectivamente. Isso mesmo, são três telinhas. A formatação automática tornará o d maiúsculo, por ser a primeira letra da palavra, mas isso não fará diferença.

Pode soar complicado, mas o processo todo não demora nem dois minutos.

...


Os cracks acima foram fornecidos pelo Vlademir, dono da comuna Palm Warez Recife. E vou te contar, tirei o chapéu pra esse cara. Nunca vi alguém tão disposto a ajudar. Neguim posta pedidos de jogos nas áreas erradas, ignora as regras de utilização da comunidade, inunda o cara com exigências de joguinhos. Mas mesmo assim, o cara trata todo mundo na faixa e não demora nem um dia pra postar os links galera que a galera precisa.

Haja paciência e boa vontade. Nunca vi atendimento tão bom nem mesmo em serviços pagos!

Se você tem alguma outra boa sugestão de joguinho pro palm, mandaí nos comentários. Se houver dúvidas de como hackear os jogos, mandem email. Pra esse tipo de coisa, email é melhor que comentários.

(Mereço ao menos um mês de esmola garantida por esse post tão útil, fala a verdade)

Kid \ 10:24 AM